...mover nuvens ...construir castelos

...no fechar das pálpebras com o brilho do entardecer, ainda o recorte nítido das sombras das árvores de um qualquer verão com fogo dentro. trago as mãos nas lembranças quando sigo pensando em tanta coisa que vem se fazendo e andam por aí a vender o verao: noites e vinhos, as últimas colheitas, dióspiros, chocolate...mel. levo os dedos ao pote e vem-me à boca o cheiro das folhas avermelhadas a caírem na beira da estrada. a cor do sol a despenhar-se vale encantado abaixo. o rumor da canção que coloco na mente..cançoes que nem lembras e escutas mais ; esquecestes rapidamente : cançao na alma que lembro despropositadamente só para acender um cigarro. aquele vinho enganou-se(?) na morada. tinha sabor de planície. de seara alta penteada pelo vento. talvez seja apenas uma leve impressão minha. insensatez. ou, então, esta terá sido mais uma viagem em sentido contrário....mais um dia de verão..ardente fogo , desejo e buscas......

Trazemos na pele a marca dos dias por que passámos. Das ruas que atravessámos na eminência do atropelo. Dos campos onde jogamos beijos , flores e desejos e às escondidas. Das árvores por onde queríamos escapar ao anoitecer. Desejámos tantas vezes que o sol não se escondesse. Queríamos dormir fora das casas onde os pessoas "normais" nos esperavam à mesa do jantar. As janelas abriam-se sobre a cidade distante.Ali, ao alcance do corpo, campos ..montanhas , sons da noite... e de arvores e rios onde nos deitávamos nas tardes de verão. os outros dias na dança das brincadeiras de rua quando ainda havia barro nos nossos pés descalços se chovia. Quando ainda nos ríamos e desenhávamos com gravetos coraçoes no chão. . Eu não sabia que me iriam custar tanto os teus regressos. E quando li e leio isto tudo dentro de mim de manha cedo ou a tardinha , o tempo fez-se e faz se de novo lá atrás. E só quem lá esteve entenderá...............

afundar os ramos, os braços, as mãos, o desejo , VIDA
no azul.......quem sabe....azul...espaço..