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terça-feira, maio 10, 2011

O que sou para você
É a afrenesia que se fora
Na distância de oceanos tempestuosos
Gotas de suor num quarto de motel

O que sou para você
É um tango arrefecido La Frontera
Lágrimas numa taça de vinho
Avenidas estreitas na madrugada

O que sou para você
Já não te traz o sal à boca
Ou faz rir con mis as veces
Recanto delineado por nós dois

O que sou para você
Hoje esbarra à revelia em teu corpo
Como um vulto na fumaça do salão
Deixando rastros de um perfume ainda vivo
Vindos de um vestido indiano marrom

O que sou para você
Canta em silêncio As Contradições do Corpo
E ignoras minha passagem
Por impenetrável enigma
Que soa de cólera odios e indelicadezas

O que sou para você
Ficará no grito decadente
Na fome ensandecida
Em palavras de uma mente e alma que te amou

A tua lembrança fica em mim
Dois corpos parados no tempo
Em meio a transeuntes apressados
A calma para olhar-se de frente

Coragem pra dizer
Que se vai
E vou te amando, te digo
Silêncio agora amor

A tua lembrança fica em mim
No atar das mãos
Que lentamente destocavam-se
Até as pontas dos dedos separarem-se
Quando dei o primeiro passo
Na entrada do portal..