Me leva. Me leva pra algum lugar. Pra lugar algum. Só me tira dos limites dessa cidade, dessas ruas que tem tantos nomes que eu não consigo decorar. Me coloca dentro desse teu carro velho, pega aquela tua mochila pronta desde sua adolescência rebelde em que você ameaçava todas as vezes fugir de casa. Põem em prática. Foge. Fugimos. Agente aprende a se virar, a ler mapas, usar bússola, desapegar, deixar fluir, sair do comum. Agente quebra a cara vendo que não é tão fácil assim, canta as músicas estranhas das rádios locais, fingi de cigano em cada cidade. Me desafia a me mexer, a levantar do chão, ficar de pé. Só me tira daqui. Dessas conversas repetitivas, dessa vida repetitiva. Me leva pra sentir coisas novas, nem que seja aquela ansiedade juvenil em uma pré viagem. Abaixa o vidro, deixa esses ares diferentes me invadirem pra ver se despertam algo novo por dentro. Porque já faz tempo que ta tudo morto. Faz tempo que preciso, precisamos de fuga real. Que saber? Me leva pra onde as pessoas realmente vivem.
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