Construçao

Tu nunca hás de entender o tamanho das noites de lua em que gastei tudo o que havia por dentro dos meus olhos e do coraçao que SENTE, os rios que em ti desaguaram sempre das MINHAS veias;sonhos traidos dia a dia feitos em silencio secreto de um corpo que RECONHECEU sozinho outro.... eu não sabia, ou talvez já o tivesse esquecido, como podem ser mortíferas as cinzas das palavras que um dia tiveram asas; e ainda mais mortíferas as garras que nos destroem com teus pequenos medos e meias verdades quotidianas a que não podes "escapar", porque as sílabas da paixão são sempre os primeiros objetos a serem retirados do quarto, para que tudo regresse à prateleira certa e de manhã a poeira nos vista tranquilamente como um hábito; e foi por isso que nessas noites morri muitas vezes, enquanto as secretas palavras de adeus alastravam pela foz do teu desejo, teu coraçao errante e teu sexo vagante e a minha pele se despia, vagarosamente, da tua....