Não seria necessária mais nenhuma palavra um segundo antes ou depois de dizerem ao mesmo tempo: — Quero ficar com você...
Pequenso detalhes......
" E la em baixo....uma rede de anjos amparava nossa
queda... (Caio Fernando Abreu )
queda... (Caio Fernando Abreu )
quinta-feira, julho 31, 2014
Não me procures ali
Onde os vivos visitam
Os chamados mortos.
Procura-me
Dentro das grandes águas...
Nas praças
Num fogo coração
Entre cavalos, cães,
Nos arrozais, no arroio
Ou junto aos pássaros
Ou espelhada
Num outro alguém,
Subindo um duro caminho
Pedra, semente, sal
Passos da vida. Procura-me ali.
Viva.....
Foi em que traço, personalidade? Em que noite, madrugada se endereçou? Em que face foi mesmo que o amor ficou? O amor sempre será esse lado menos exposto, arranhado no corpo, com ares de futuro. Se entrega à próxima composição, mas segura os sinais. Desabotoa represas, mas encolhe os canais. Suspenso-lento-ardendo. O amor sempre será esse teu lado que não desemboca, que não vem à tona, que não vale meu sopro, minha noite, minha pena, meu poema. Não diz, não age, é inerte, insosso, imaturo, indeciso, impreciso ao que preciso, agora. Quanto mais abandona, mais me encontra: providencial;
um lado meu que só renasce porque te espera. Acredita ainda, e envelhece. Renasce porque te melhora. Renasce para que no ventre dessas entregas, uma palavra pequena aborte as próximas distâncias. Uma palavra só, ou uma ponta de coisa-qualquer que valesse uma poesia. O amor sempre será esse hiato que não se desenvolve. Essa pedra que onda bate e não se dissolve. O amor sempre será alguma coisa sua, que não me resolve. Que não absorve. Que não me suga. Que não me seca para que eu me molhe. Que não te recomeça. Que não te escolhe. O amor te acena. Agora temos pressa
quarta-feira, julho 30, 2014
abro a porta devagar para o passado
deixo passá-lo sem me deixar ir
trocamos olhares, mas não nos fixamos
frente a frente, não lado a lado -
nos fazemos parte
mas já não nos pertencemos...
Vem, quero descansar no silêncio do teu peito tímido, quero adormecer em teu abraço para acordar no sonho. Vem, me ama sem a pressa do dia que virá, se o futuro nos separa, então não acreditaremos nele - por hoje. Vem, quero deixar minha boca no teu beijo mais macio, trocar meu gosto pela tua saliva. Vem, diz todas aquelas poesias em meu ouvido, dedilha em minha cintura nossa música, segura meus pés entre os teus para criarmos um caminho. Vem, há este tempo tão suspenso de possibilidades, e meu desejo, por agora, é não te perder para sempre, novamente....
terça-feira, julho 29, 2014
segunda-feira, julho 28, 2014
Até hoje, um dos meus truques para sobreviver, mesmo não sendo mulher e nem sequer tendo cabelos, foi fazer o papel de “loura burra”. Deixei passar muita agressividades muita humilhação — e não me refiro a você, mas estou farto. Fui vivendo minha vida de maneira tão solitária, conquistando minhas coisas tão no braço, tão sempre sem nada, que aprendi a ter uma enorme admiração por mim mesmo. Vou chegando muito perto dos 50 anos sem dever absolutamente nada a ninguém....
domingo, julho 27, 2014
sábado, julho 26, 2014
"Ainda que dentro de mim as águas apodreçam e se encham de lama e ventos ocasionais depositem peixes mortos pelas margens e todos os avisos se façam presentes nas asas das borboletas e nas folhas dos plátanos que devem estar perdendo folhas lá bem ao sul e ainda que você me sacuda e diga que me ama e que precisa de mim: ainda assim não sentirei o cheiro podre das águas e meus pés não se sujarão na lama e meus olhos não verão as carcaças entreabertas em vermes nas margens, ainda assim eu matarei as borboletas e cuspirei nas folhas amareladas dos plátanos e afastarei você com o gesto mais duro que conseguir e direi duramente que seu amor não me toca nem me comove e que sua precisão de mim não passa de fome e que você me devoraria como eu devoraria você...
sexta-feira, julho 25, 2014
ela só disse ter pena. me jogou no chão, com todo cuidado de acertar as almofadas, esfregou as mãos e os braços como quem se desfaz do pó e se mandou, depois de um olhar do tipo "não-foi-isso-que-sonhei-pra-nós", por incontáveis dez segundos. ela não soube me amar, daquilo que eu aprendi ser o amor....
Águas benevolentes que me cercam
Fluem delicadamente de mim
Com a mesma intensidade da dor que sinto
Abre-se em meio ao nó que consome
Que me sufoca ...
Abre-se mar sereno e tranquilo
Leva consigo minha dor
Queria deitar em teu colo aquecido
Pra o sono da maresia me envolver
Estaria feliz tal qual areia da praia
Em busca da onda que me carrega
Ah !
Como são grandes as lembranças que agora feito areia na ostra me consomem
Não tenho a força da pérola
Sequer o brilho dela
Hoje é dia de chuva
Que sai de mim
Hoje sou apenas água ....
“Escuta aqui, cara, tua dor não me importa. Estou cagando montes pras tuas memórias, pras tuas culpas, pras tuas saudades. As pessoas estão enlouquecendo, sendo presas, indo para o exílio, morrendo de overdose e você fica aí pelos cantos choramingando o seu amor perdido. Foda-se o seu amor perdido. Foda-se esse rei-ego absoluto. Foda-se a sua dor pessoal, esse seu ovo mesquinho e fechado.”
.Lixo e Purpurina – Caio Fernando Abreu
quinta-feira, julho 24, 2014
Aprendi a cuidar da minha alegria. Reservo pra ela um lugar especial.
Seu endereço é singular. Mora no peito, na alma e na calma,no bolso ou numa sacola de papel.
Não precisa de palco, não carece de audiência, capricho ou aceitação.
O que é bonito e verdadeiro só precisa de um lugar secreto e seguro pra existir pra sempre....
quarta-feira, julho 23, 2014
"Me diz alguma coisa, vai. Me fala tudo aquilo que eu ando louca pra ouvir da sua boca. Sussurra, então. Ou me ensina a receptar telepatia, essa língua que só os inteligentes e evoluídos e incógnitos e brancas-nuvens conseguem decifrar. Porque eu já estourei minha cota de intuição. Diz que me adora, que gosta de mim, que sente saudades minhas e uma vontade insana de me ver em plena quarta-feira. Sei que não muda nada, mas eu preciso ouvir...."
(...) Pior que tudo, rondava um sentimento de desorientação. Aquela liberdade e falta de laços tão totais que tornam-se horríveis, e você pode então ir tanto para Botucatu quanto para Java, Budapeste ou Maputo — nada interessa. Viajante sofre muito: é o preço que se paga por querer ver “como um danado”, feito Pessoa. Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio....
(Caio Fernando Abreu )
Escrever é como despir-se. É impossível querer que as minhas palavras não me exponham, é inevitável que elas me arranquem peça por peça de roupa, e é muita ingenuidade achar que elas gerarão reações idênticas. As mesmas palavras que emocionam ou fazem rir, causam repulsa e contrariam. Geram polêmica e desconforto, da mesma maneira que confortam. E, de uma forma ou de outra, me tornam vulnerável. Escrever num blog tem sido, para mim, um exercício fascinante de nudez e de descoberta de partes de mim que estavam tão cobertas e protegidas que eu mesmo desconhecia....de uma forma distante que aprendi nao sei como te desejar e te amar deste modo tanto..............
terça-feira, julho 22, 2014
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